Igor e Liliam no pátio central do Palácio el Badi.
 

Um guia completo sobre a nossa visita a Marrakech e arredores, com dicas sobre o que fazer, onde se hospedar, onde comer e como se transportar pelo Marrocos. Também um roteiro resumido sobre nossos 5 dias pelas árabias.

Marrakech: Uma cidade exótica

Marrocos é um país exótico. E esse post vai ser sobre coisas óbvias, mesmo? É o que você se pergunta, julgando-me! Veja bem. A extravagância do país, como nos foi mostrado por Jade e Lucas, o tal do clone de Dr. Albieri, está inserida no imaginário do brasileiro de um jeito quase que subconsciente. Também pudera. A novela, com seus 221 capítulos, nos fez aprender sobre o país, ainda que de modo caricato, quase que por osmose. As ruas estreitas e caóticas, os palácios de família com arquitetura típica – chamados de riads -, as dancinhas, o deserto: pensa-se nisso tudo. Eu, como um bom brasileiro e noveleiro de primeira, quando vi uma promoção para o país, vislumbrei tudo isso e pensei: quero!

 
A promoção era da Royal Air Maroc para Valência, na Espanha, porém com stopover do tempo que quisesse em Casablanca, no Marrocos. Como era em dezembro, definitivamente seria uma ótima chance de ouro de conhecer tanto o Marrocos quanto a Europa no Natal, um sonho meu, eu diria. Arrastaríamos o sari na medina, cometeríamos altos harans, dançaríamos ao sons de músicas árabes, falaríamos “insha’allah!” ao final de qualquer frase, e depois partiríamos para o Velho Mundo – não que o Marrocos não tenha seu velho mundo particular -, para aproveitar um bom friozinho. Fechei os olhos e comprei. Melhor decisão! 

Meses e meses depois, embarcaríamos do Rio de Janeiro para a terra árabe do norte da África, sem saber que lá encontraríamos um frio de lascar, que veríamos chover no deserto e nevar nos Atlas, que passaríamos uns bons perrengues e que, no fim das contas, adoraríamos nossa visita ao país, e que o acharíamos mais seguro do que o nosso! O Marrocos causa enorme estranheza, e o desconhecimento acerca da religião islâmica nos deixa desconfortáveis, mas as paisagens, construções e belezas do país são de atrair qualquer um!
 
Essa viagem foi feita com os amigos Manoel Guedes e Silvia Guedes. Loucos como a gente, toparam fazer de tudo! Agradecemos muito pela companhia! 

Veja o nosso vídeo musical acima sobre o Marrocos. Ele só tem 4 minutos. Tem muita dança e muita animação, pode ver que vai curtir e se animar muito para visitar o país também! Ele é o segundo vídeo da nossa série de vídeos Lights from Desert2Snow, que é sobre nossa viagem pelo Marrocos e pela Europa, e você pode ver a playlist dos vídeos no nosso canal do YouTube.

 
Vamos ao Guia de Marrakech e Marrocos, o nosso FAQ de “Perguntas Frequentes Que Ninguém Nunca Nos Fez”, ou FAQQNNNF, que são nossas dicas de viagem para o Marrocos, e, ao final do post, o roteiro. 

Visitamos o Marrocos em Dezembro de 2017.

Índice

Este post tem o seguinte conteúdo, e você pode pular diretamente a ele se quiser:

Guia de Viagem de Marrakech e Marrocos

Vale a pena visitar o Marrocos? O que tem pra fazer?

Em algum lugar no meio do caminho para Zagora.
Em algum lugar no meio do caminho para Zagora.
 
Sim, sim, sim! Esse amor é tão profundo! Você é a minha prometida e eu vou gritar para todo mundo! Vale a pena visitar o Marrocos, sim! Mesmo com os perrengues, mesmo com os lugares estranhos, mesmo com uns belos golpes… Sim. Vale tua atenção, teu dinheiro e teu tempo!
 
E o que tem pra fazer lá?

O que fazer em Casablanca

  • Conhecer a 2ª maior mesquita do mundo, a Hassan II. É uma das únicas mesquitas visitáveis do Marrocos, e, em termos de tamanho, somente perde para Meca.

O que fazer em Marrakech

O que fazer nas Cidades ao Norte

  • Você pode visitar Xexuão (Chefchaouen), uma cidade toda pintada de azul, um tanto pitoresca;
  • Também pode visitar Fez, onde foram filmadas as cenas da novela O Clone.

O que fazer no Passeio pelo Deserto

  • Visitar o deserto de Zagora e um passeio de 2 dias e uma noite, ou então o deserto de Merzouga em um passeio de 3 dias e uma noite, e ter a experiência de quase morte de dormir em uma barraca no meio do deserto! E, de quebra, se for inverno, sentir o maior frio da vida durante a madrugada! Agora, só se prepare psicologicamente: vai passar um tempão na van! Ficamos tão entediados que rolou um momento vergonha em que começamos a tocar Ai Se eu Te Pego para honrar nossas raízes brasileiras, e daí umas francesas começaram a cantar Despacito. Isso foi loko.

O que fazer em Ouarzazate

  • A cidade de Ouarzazate fica no caminho dos passeios para o deserto de Zagora. Ela é, além de uma cidade milenar, foi palco de vários filmes, como Game of Thrones, A Bíblia e Gladiador.
  • Lá, é possível visitar estúdios de gravação, bem como a espetacular cidade fortificada Ait-Ben Haddou, que existe há mais de 1200 anos. Suas ruas estreitas tornam o local um tanto distinto de tudo o que vimos antes. É possível subir até o ponto mais alto da cidade, de onde se tem uma vista panorâmica da região desértica.

Como chegar?

Silhueta da mesquita Koutoubia ao entardecer, tirada do Café Restaurant Argana, na praça Jamaa el-Fna.
Silhueta da mesquita Koutoubia ao entardecer, tirada do Café Restaurant Argana, na praça Jamaa el-Fna.
 
De avião, é possível chegar diretamente do Brasil, por meio da companhia Royal Air Maroc, ou então por meio de várias outras companhias, inclusive low cost, partindo da Espanha, como de Portugal, Espanha, França ou Inglaterra.
 
Também existem barcos ou balsas que atravessam o Estreito de Gilbaltar do sul da Espanha até o norte do Marrocos.

Como é o clima?

Neve na cordilheira do Atlas, no Marrocos.
Fomos no inverno, então chegou até a nevar na cordilheira do Atlas! Não é o que você imagina do Marrocos!
 
Pode variar do calor capetônico ao frio absurdo, resultantes de algum sopro de deuses nórdicos, que desviam montanhas e vão parar no meio do deserto do Saara. Pois é, tem frio por lá, e foi justamente o que pegamos em Dezembro, quando a temperatura oscila entre 5ºC e 18ºC.
 
Você pode acessar os dados climáticos de Marrakech clicando aqui

Para se ter ideia, um amigo foi em junho e, no passeio do deserto, dormiram do lado de fora das tendas, pois não aguentavam o calor. Nós, que fomos em dezembro, não só dormimos nas tendas (afinal, chovia), como também embaixo de várias camadas de roupa e de cobertores! Teve uma hora em que eu acordei no meio da madrugada pensando, “ok, se morrer de frio é assim, é o que eu estou sentindo!”. Desesperadamente, iluminando a mala com o celular, fui caçando todo o tipo de roupa para usar, e fui colocando uma em cima da outra. Deitei na cama, usei dois cobertores e dormi em posição fetal. Que frio! Haha! 

Se estiver frio, pelo menos, saiba o que o chá quente, que eles servem em tudo quanto é lugar, será bem convidativo!

Quando ir?

Uma ponte no interior do Palácio el Badi, no Marrocos.
Uma ponte no interior do Palácio el-Badi. Clima agradável, como se vê pelas roupas. Liliam agasalhada por baixo, não se enganem.
 
Tudo depende do que você quer. Se for em julho ou agosto, vai torrar de calor, já que as temperaturas passam dos 40ºC tranquilamente. Já se for de novembro a março, corre risco de congelar de frio, e ainda há chances de chuva, como foi o nosso caso, por mais seco que seja o clima por lá. Claro, há de se considerar que somos nós, Igor e Liliam, e que nós temos mais poderes de causar chuva do que a Tempestade dos X-Men, e o poder ainda é inconsciente! A chance de chover é sempre mínima.
 
Então os meses recomendados são de abril a junho e de setembro a outubro, muito embora eu, pessoalmente, tenha adorado visitar o país em Dezembro, pois eu amo o frio e odeio o calor. Então, por mais que o frio incomode, e incomoda muito, ele me incomoda muito menos do que o calor, que me tira o ânimo e a vontade de andar. Vai da pessoa. Escolho o frio.
 
Convém também observar a época do Ramadã, período em que os islâmicos praticam jejum, dentre outras regras, não para evitar a visita ao país, mas sim para se preparar para horários específicos dos estabelecimentos. A época do Ramadã muda de ano em ano. Você pode digitar no Google, por exemplo, “Ramadã em 2017“, que ele vai te responder a época certinha em um quadro de respostas antes dos resultados das pesquisas, super prático! Segundo relatos, não atrapalha muito, é bom saber só para fins de planejamento mesmo.

É seguro?

Praça Jamaa-el Fna durante o dia.
Na praça Jamaa el-Fna eles podem te aplicar alguns golpes… Mas isso é tudo.
 
Se te roubarem, vão ter a mão cortada. Então, sim, pelo menos nas regiões turísticas, é muito seguro.
 
Lembro-me bem do dia em que chegamos. Como nos hospedamos dentro da Medina, os táxis não entram em qualquer rua porque são muito estreitas. Então eles te deixam no ponto mais próximo de sua hospedagem e você tem que andar o resto a pé mesmo. Era madrugada, estava tudo escuro e não tinha ninguém nas ruas. Fomos andando assim num ambiente em que, se fosse aqui no Brasil, o mais tranquilo que nos ocorreria seria um kid bengala surgindo do nada e nos empalando pela alma inteira! Liliam foi atravessando rezando 10 pai-nossos e 80 aves-marias, rezando para todos os santos possíveis para que a gente não morresse naquele momento, haha!
 
Apavorante, certo? Não! Lá no Marrocos, por mais que você esteja passando por um lugar MEGA ESTRANHO ali no coração da medina, esqueça tudo o que aprendeu no Brasil: é tranquilo e nada vai te acontecer. Relaxe e aproveite todo o ambiente, pois é muito seguro.
 
Mesmo assim, cabe dizer que isso vale mais para a região central da Medina. Ao se afastar das regiões turísticas e chegando em lugares mais residenciais (de gente menos favorecida), todos começavam a avisar para que guardássemos nossos pertences, principalmente o celular, pois havia chance de furto. Então, um alerta básico é sempre bem-vindo.

Quantos dias seriam o ideal?

Para a nossa viagem, cujo roteiro foi Marrakech e um passeio de 2 dias pelo deserto, 5 dias completos foram o suficiente para fazer tudo bem tranquilo e aproveitar bem. Caso queira subir para Fez ou conhecer Chefchaouen, a cidade azul, adicione mais 3 ou 4 dias.

Onde se hospedar em Marrakech?

No lado esquerdo, a rua de nosso Riad na Medina. No lado direito, uma típica galeria na parte nova da cidade. Qual você prefere? O exótico ou o confortável?
No lado esquerdo, a rua de nosso Riad na Medina. No lado direito, a Praça 16 de Novembro, na parte nova da cidade. Qual você prefere? O exótico ou o confortável?
 
Você tem duas opções: ou se hospeda dentro ou fora da Medina. Em ambos os casos, as opções são para todos os bolsos, mas saiba que hospedagem no Marrocos é bem barata. Quais as diferenças? 

Hospedando-se dentro da Medina

A Medina é o centro histórico murado de Marrakech. Neste caso, sua hospedagem será o que chamam de Riad – que é uma casa antiga de família contendo inúmeros quartos e que foi transformada em pousada. Essa casa frequentemente possui um pátio central contendo uma fonte e/ou uma piscina, vários andares onde ficam os quartos e um terraço. Normalmente existe um mordomo que te recepciona e que te traz café da manhã todos os dias. 



Lembra muito a casa da Jade de O Clone, haha! Claro que não pode perder a oportunidade de dançar dança do ventre feito um retardado no pátio principal!


Hospedar-se dentro da Medina é meio que experimentar o passado. Ruelinhas estreitas por onde não passam carros, caos de pedestres misturados com motoqueiros que surgem do nada, comerciantes insistentes querendo te vender souvenirs árabes, galera tentando te dar golpes e gatos por todos os cantos! Não vai encontrar supermercados, redes de fast food (só vimos um KFC, e já era próximo da saída da Medina) ou shoppings, mas vai encontrar palácios, restaurantes de comidas típicas e mercadinhos pequenos. É como um coração de Marrakech que pulsa em um ritmo cultural tão distinto que, para aqueles que quiserem uma experiência diferente e rica, ainda que, por muitas vezes, desconfortável, ficar dentro da Medina é a opção.


Hospedando-se fora da Medina

Fora da Medina, Marrakech é uma cidade normal, exceto que mais marrom do que tudo o que você já viu. Você vai ficar em um hotel como todos os outros – com arrumação diária, café de manhã, etc -, ou então pode escolher ficar em um resort um pouco mais afastado, alguns deles all-inclusive. Na cidade, encontrará McDonalds, shoppings, lojas de grifes, cassinos e supermercados normais, como um Carrefour. As ruas passam longe de serem um caos. Infelizmente, você acaba perdendo a experiência de estar em um local bem árabe, mas, para quem quer conforto, essa é a opção.
 

Nossa escolha – Riad Le Pavillon Oriental

Nossa escolha: ficamos dentro da Medina no riad Le Pavillon Oriental. Não era um riad barato e nem caro – meio termo. Gostamos bastante. O mordomo sempre nos foi bastante atencioso, servia-nos café da manhã bom e generoso, e nos ajudava com informações quando necessário. 

Acima, uma galeria de fotos do riad onde nos hospedamos. Infelizmente, vamos ficar devendo fotos do quarto em si, pois, tão cedo chegamos nele, já ficou totalmente bagunçado (somos furacões, haha).

Que dinheiro levar?

Leve euros ou dólares, e, lá, troque por dirhams em alguma casa de câmbio na Medina, onde se oferece bons preços. Você pode trocar um pouco no aeroporto.
 
Alguns estabelecimentos aceitam euros diretamente, principalmente agências de turismo.
 
Pouquíssimos estabelecimentos aceitavam cartões de crédito quando visitamos o Marrocos, em Dezembro de 2017. Eu, que gosto de viajar com cartão, nunca senti meu cartão tão inútil.

Como é a comida? Onde comer?

No restaurante L'Epicuren Marrakech. Tiramos a barriga da miséria com um prato de carnes. E foi barato para o nível de chiqueza do lugar!
No restaurante L’Epicuren Marrakech. Tiramos a barriga da miséria com um prato de carnes. E foi barato para o nível de chiqueza do lugar!
 
Confesso que não gostei da comida, não. Basicamente, você vai comer tajine (cozido de carne ou frango com legumes), cuscuz marroquino (geralmente, também, com carne ou frango), kafta ou kebab. Este último, normalmente, era a melhor opção, por conta do pão.
 
Uma dica é ir até o Cassino de Marrakech no El Saadi e experimentar os pratos excelentes do restaurante L’Epicurien Marrakech. É um restaurante bem gourmet e com ambientação bem agradável e com decoração baseada em filmes. Pedimos um prato super chique de carnes e gastamos 100 reais nele. Muito barato para o nível do que se propunha.
 
Como os marroquinos gostam muito de legumes, também não era difícil encontrar opções vegetarianas, para aqueles que assim desejarem.

Onde encontrar passeios para o Deserto?

Tempo nublado e areia úmida. Essa é a nossa sorte com o clima. Faz até chover no deserto!
Tempo nublado e areia úmida. Essa é a nossa sorte com o clima. Faz até chover no deserto!
 
Você pode encontrar passeios tanto para o deserto de Zagora quanto o de Merzouga em qualquer biboca da Medina, e com saídas para todos os dias. São passeios extremamente populares e turísticos, então normalmente não falta oferta. Você não precisa se preocupar em reservar com antecedência.

Quais os documentos necessários para entrar no país?

Para um carimbo de permanência de até 90 dias, basta um passaporte válido por, pelo menos, 6 meses.

É caro visitar o Marrocos?

No lado de fora da cidade murada de Ait-Ben Haddou, em Ouarzazate.
O preço das coisas vai te fazer pular de alegria! A foto é em Ait-Ben Haddou, em Ouarzazate.
Não, muito pelo contrário, é tudo muito barato. Refeições em restaurantes, passeios, souveniers são todos baratos. Hospedagens também, a depender do nível de conforto desejado. E convém sempre negociar com os comerciantes de rua para tentar baixar preços.
 
Para terem ideia, o dinheiro que usamos nos 6 dias no Marrocos (5 dias completos) para nós dois se restringiu a 400 dólares que tínhamos de sobra de outra viagem, e olha que a gente não economizou.
 
Única coisa que achamos caro foram táxis, pois os marroquinos são meio golpistas nisso. Eles te cobram o olho da cara para distâncias curtas.

Drones podem ser usados no Marrocos?

É proibido entrar no país com drones. Eles são muito rígidos quanto a isso e vão confiscar seu drone ao chegar no aeroporto.

Como é a internet no Marrocos?

Já no aeroporto de Casablanca, compramos um chip 3g da Orange de 5GB para cada um, que duraram a viagem inteira. Achamos a internet excelente, pegou até no meio do deserto! Fizemos stories no Instagram até lá!

Como se locomover?

Algumas opções de locomoção estão disponíveis.

Opção #1: Alugar um carro.

Olha, não parece complicado dirigir nas rodovias do Marrocos, apesar das montanhas um pouco assustadoras, tudo é muito bem sinalizado. Porém, dentro das cidades é um caos muito louco e não sei se teria coragem de dirigir, não. Contudo, é uma boa opção caso queira fazer uma road trip pelo país por conta própria. Importante mencionar que, se ficar hospedado em uma Medina, vai ter dificuldades em estacionar o teu carro, pois as ruas são estreitas e só passam pessoas ou motos nelas.

Opção #2: Transporte público.

Os ônibus, quando existentes, costumam ser velhos e lotados

Opção #3: Táxi/Uber, ou Taxi.

Em Casablanca há Uber, porém no restante do país não há. Ficamos, portanto, à mercê dos táxis, que são bem ruins e só dão raiva. A começar pelo preço. Sempre que você entra, eles informam um preço que é absurdo. Muitas vezes tentam cobrar o preço por pessoa (o que não faz o menor sentido). Você tenta baixá-lo, mas eles são relutantes. Mesmo que consiga reduzir, ainda assim vai ser caro para a distância. Por exemplo, do aeroporto para perto de nossa hospedagem dava 6km e eles cobraram o equivalente a 30 euros. E ainda corre o risco de, quando estiver entrando no táxi, aparecer outro taxista, que começa a bater boca com o seu taxista em árabe, o que, naturalmente, torna as coisas ainda mais assustadoras. É bizarro, provavelmente a coisa que eu mais odiei no Marrocos foram os táxis, mas não tem muita opção, infelizmente.

Obs.: Para transporte entre as cidades, o trem é uma opção viável, e também oferece visuais interessantes pela janela.

Como funcionam as bebidas alcoólicas no Marrocos? Pode beber nas ruas?

Em um mirante de Ait-Ben Haddou, em Ouarzazate, Marrocos.
Fatão: os marroquinos gostam mesmo é de chá. Nessa foto, estávamos em um mirante de Ait-Ben Haddou.
 
Por conta da religião, não pode. É haram. Porém, não se preocupe, tomar um bom vinho ou uma cerveja em um local autorizado não vai fazer com que você seja arrastado até a Medina, onde levaria oitenta chibatadas. Alguns poucos restaurantes turísticos, desde que não estejam no campo de visão de uma mesquita, e supermercados, em áreas um pouco escondidas, vendem legalmente. Inclusive, o Marrocos produz vinhos de que, inclusive, gostamos muito. Não se pode, contudo, tomar em público, e nem transportar uma bebida alcoólica visivelmente (precisa estar dentro de uma bolsa ou uma mochila, por exemplo).

E com relação às mulheres? Há algum problema?

O Marrocos é tranquilo quanto a mulheres e não precisa usar véu! Pode deixar suas madeixas à mostra à vontade!
 
O islamismo é uma religião conhecida pelo tratamento diferenciado entre os gêneros e isso não é novidade pra ninguém. Não é necessário usar véu. É bom tomar cuidado, mas não vimos grandes problemas ou falta de respeito com as mulheres, exceto na praça Jamaa el-Fna. Liliam, em um momento, andou um pouco sozinha pela praça e um cara não queria desgrudar dela, ela teve dificuldades em despistá-la. Provavelmente queria vender alguma coisa.
 
Quanto a roupas curtas, como fomos no inverno, somente se fôssemos piriguetes para aguentar 5ºC com um shortinho, mas, mesmo que estivesse quente, seria bom evitar excessos, afinal de contas você está em território islâmico e o respeito às regras culturais locais é sempre válido.

Pode manifestação de afeto nas ruas?

Melhor não, será repreendido pelos transeuntes marroquinos. É haram. Evite. 

Como são os horários das rezas?

Um dos cinco pilares do islã é justamente orar cinco vezes por dia. Assim, durante cinco horários do dia, variáveis de acordo com o sol, as mesquitas emitem um som de reza, que é o azan, um chamado para inciar a oração, e daí muita gente para para seguir o que mandam as tradições religiosas. Reza-se o Allahu Akbar (Deus é Maior). Cada uma das rezas possui um nome e os seus respectivos horários são os seguintes:
 
  • Fajr: Do amanhecer ao nascer do sol
  • Zuhr: Após o meio-dia
  • Asar: Entre o meio-dia e o pôr-do-sol
  • Maghrib: Logo após o pôr-do-sol
  • Isha: Aproximadamente uma hora após o pôr-do-sol
No nosso caso, o Fajr era lá pelas 5h da madrugada, então toda madrugada éramos acordados no riad com o barulho das mesquitas! No fim, até estava me acostumando, mas é quase impossível não acordar!
 
Curiosa é a praça Jamaa el-Fna durante o Maghrib. Muito bagunçada, cheia de dança e música, ela para completamente para a reza. Um fenômeno interessante de se ver de um terraço.

Quero assistir a um show de Dança do Ventre! Onde posso ir?

Recomendamos o restaurante Le Marrakchi, que fica na praça Jamaa el-Fna, na Medina. Espetacular o show, que ocorre entre as mesas, bem o que a gente imagina de dança árabe mesmo. As dançarinas convidam as mulheres a dançar com elas e isso é bem legal. Inclusive, colocaram as velas acesas (com fogo verídico! Haha!) na cabeça da Liliam, para que ela equilibrasse. Muito louco!

1 Pergunta, 1 Resposta

Nessa parte do blog, eu e a Liliam respondemos a perguntas sem saber a resposta um do outro. E daí colocamos na tabela abaixo! Pode ser que algumas venham a coincidir… ou não! Vamos ver os resultados.
 
 IgorLiliam
Lugar mais bonitoAs montanhas do Atlas no caminho do deserto.AIt-Ben Haddou.
O que mais te surpreendeu?A cidade de Ait-Ben Haddou.A travessia pelo Atlas e a neve.
Passeio mais legalO tour por Ait-Ben Haddou.O passeio pelo deserto.
Pior experiênciaA chegada, em que ficamos por mais de 3h na imigração.Andar de dromedário! Acho que os meus músculos jamais serão os mesmos, haha!
Queria fazer, mas não fizOs estúdios de Ouarzazate.Passeio de balão.
Melhor restauranteL’Epicurien MarrakechL’Epicuren Marrakech.
Melhor atração da MedinaPalácio el BadiSegundo andar dos restaurantes pra observar o pôr-do-sol, comer comidas típicas e curtir dança do ventre.
Você voltaria?Não. Já conhecemos bem, e não é necessário voltar, muito embora tenha sido ótimo.Não. Foi bom, mas já deu.

Roteiro de Viagem a Marrakech

A seguir, o roteiro resumido de Marrakech e arredores. Novos posts serão feitos para detalhar estes lugares, e os links serão colocados aqui assim que ficarem prontos.

Dia #0: Chegada em Casablanca

 
No primeiro dia, chegamos ao aeroporto de Casablanca durante a manhã. Teríamos conexão para Marrakech somente durante à noite, e queríamos aproveitar para ir à mesquita Hassan II, a segunda maior do mundo. Porém eles não foram com nossa cara e nos levaram para uma sala separada, onde ficamos por mais de 3h. Fomos parar até no raio-x. Depois de muita tensão, eles nos liberaram, mas enrolou tanto que, infelizmente, não deu para visitar a mesquita. Além disso, nos levaram para a área internacional, sendo que deveriam nos levar para a nacional, e ficamos perdidos pelo aeroporto.
 
Saímos do aeroporto e ficamos do lado de fora, esperando o tempo passar. Fazia MUITO frio!
 
À noite, pegamos o vôo para Marrakech.

Dia #1: Primeiro dia em Marrakech

 
Neste dia conhecemos tanto a Medina quanto a parte moderna de Marrakech:
 
  • (11:00 às 13:18) Nossa primeira visita foi ao Palácio da Bahia na Medina: belíssimo palácio que já serviu de harém. Possui um pátio central incrível e várias salas para explorar. Não deixe de olhar para o teto em cada sala que entrar!
  • (14:08 às 15: 25) Almoçamos um kebab no Corner Café, na Medina, que é o 3º do TripAdvisor. O kebab estava muito bom, e ainda não estávamos enjoados do tempero marroquino! Muito recomendado!
  • (16:10 às 17:39) Depois disso, saímos da Medina e fomos conhecer o Jardim Majorelle. Jardins exóticos em que o azul, o amarelo, o verde e o vermelho se misturam em contrastes vívidos. Lá ficaram as cinzas de Yves Saint Laurent, que adorava o Marrocos e decidiu comprar o jardim para revitalizá-lo.
  • (19:43 às 20:48) Jantamos no KFC da Jamaa el-Fna. Tem gosto de KFC mesmo, então, se já foi em um restaurante da rede de fast food, já sabe o que esperar.

Dia #2: Ida ao Deserto de Zagora

 
 
  • Ida até o deserto de Zagora. Saímos às 07:30. A maior parte do tempo é dentro da van, com algumas paradas estratégias para ir no banheiro e outras para apreciar as vistas das montanhas da Cordilheira do Atlas e também vilarejos com construções antigas.
  • Chegamos no deserto às 17:20. Observem que a viagem é bem longa e cansativa.
  • Cada um montado em seu dromedário, fomos levados para nossas tendas; havia música, dança e comida típica marroquina. Uma experiência única!
  • Começou a chover. Porque sim, temos muita sorte com o clima!

Dia #3: Voltando do Deserto

 
  • Na volta, acordamos bem cedo e saímos do deserto às 07:30. Voltando do deserto de Zagora, passamos pela cidade de Ouarzazate, onde ficam estúdios de cinema.
  • (10:39 às 11:09) Primeiro, em Ouarzazate, passamos por um museu de artigos típicos do Marrocos e também uma loja de tapetes, onde ficamos por meia hora. Achamos os tapetes caros. O cara brigou comigo por eu estar tirando fotos e filmando, então ficaremos sem fotos, mas o local era o Labyrinthe de Sud.
  • (13:03 às 14:43) Lá fica a cidade murada Ait-Ben Haddou, onde foram filmadas cenas de Game of Thrones, Gladiador e A Bíblia. A cidade tem mais de 1200 anos. Passeio fenomenal que você DEVE fazer! O melhor da viagem! A cidade é tão incrível, suas ruelinhas muito loucas. Vale a pena!
  • Almoçamos no restaurante L’oasis D’or, em Ouarzazate, onde comemos Cuscus Marroquino.
  • Voltamos para Marrakech, e chegamos em nosso Riad às 18:49.

Dia #4: Segundo dia em Marrakech

 
  • (11:24 às 14:00) Visitamos o Palácio El Badi, um palácio de 500 anos em ruínas. É bem grande, possui um pátio central enorme, uma torre em que é possível subir e observar a cidade e as montanhas de cima, e também algumas galerias subterrâneas. Ah, há também uma sala com um minbar, um púlpito que ficava na mesquita Koutoubia.
  • Almoçamos no restaurante Kosybar.
  • (16:38 às 19:47) Depois disso, visitamos novamente a parte nova de Marrakech, dessa vez focando em shoppings e galerias. Conhecemos a Praça 16 de Novembro, muito bonita, e também o shopping Carré Eden Shopping Center. Achamos que vale a pena. Ficamos bastante surpresos com lojas de grife, fast foods e tudo o que uma cidade comum possui. Quanto a compras em si, achamos que algumas roupas valiam o preço, e que eletrônicos eram caros. Liliam comprou uma camisa de fotógrafa e uma jaqueta de couro sintético vermelho, ambas em um preço bom.
  • (21:00 às 23:07) Jantamos em um restaurante de Dança do Ventre, o Marrakich Cafe Restaurant. RECOMENDADÍSSIMO!

Dia #5: Terceiro e último dia em Marrakech:

 
Este dia foi concentrado em visitar as atrações remanescentes na Medina.
  • (11:33 às 13:09) Visitamos o Marrakech Museum, que lembra muito um Palácio mesmo.
  • (13:16 às 15:09) Almoçamos uma lasanha à bolonhesa no restaurante Café Árabe. Obs.: excelente restaurante para deixar seus restos orgânicos, pois tem um banheiro cheiroso, limpo e amplo.
  • (15:14 às 16:02) Conhecemos o Le Jardin Secret. Um oasis ali na Medina. Tudo muito verde e muito bonito!
  • (17:03 às 18:45) Subimos no restaurante Café Restaurant Argana na Praça Jamaa el Fna e observamos o pôr-do-sol, que é algo que você deve absolutamente fazer, pois é ótimo. Existem vários restaurantes e terraços em que isso pode ser feito, mas achamos que a visão deste, que escolhemos, foi excelente.
  • (20:41 às 23:25) Visitamos o Cassino Marakech, no El Saadi. É bem bonito por fora, mas, por dentro, deixa um pouco a desejar com relação a outros que visitamos.
  • Por fim, ainda no Cassino, jantamos no restaurante L’Epicurien Marrakech. Restaurante incrível, muito lindo, muito gourmet, e não foi caro! Pagamos 100 reais por um prato de carnes que fez a gente tirar a barriga da miséria de verdade! Senti-me rico e com o bucho cheio.
  • (23:32 às 23:53) Na volta, passamos também no Le Grand Casino de La Mamounia. Também muito bonito por fora. Esse tem um tapete vermelho na entrada que é a cara da riqueza! Tem restaurante lá que parece bom, você pode experimentá-lo também.

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Visite também o post 6 Dias no Marocos, do blog Melhor Viajar. Lá, eles tiveram uma pegada diferente: visitaram o deserto de Merzouga ao invés do deserto de Zagora, que fica mais longe e é bem mais legal, e também conheceram Fez. Confere lá!