Parreiras ouronais na vinícola Trapiche, em Mendoza

Um passeio por vinícolas em Mendoza, Argentina, na região Maipu: Trapiche, Pasrai e El Enemigo. Ao final do dia, visitamos o Cerro da la Glória no Parque General San Martín.

Previously on S2S’s Mendoza Trip

Este é o primeiro post da série. Mas você pode ver o post principal, com dicas e mais dicas, além do índice de todos os posts, clicando aqui.

Veja também o nosso vídeo musical no topo. Ele também engloba uma viagem a Foz do Iguaçu, que fizemos junto desta. É um pouco antigo, mas é bacaninha!

Dia #1 (26/03/2016): ¡Vino! 

Atenção: este passeio foi feito em março de 2016, e está sendo escrito em setembro de 2017. Na época, não anotávamos e nem tirávamos foto de tudo, então vou ficar devendo algumas informações. Além disso, as fotos têm qualidade baixa, porque são de celular ruim. Na época, nem cogitava ter um blog de viagens. De toda forma, não podemos deixar de compartilhar nossas experiências!

Sobre passeios de vinícolas

Os passeios de vinícolas podem ser feitos em três grandes regiões em Mendoza:

  • Maipú;
  • Lujan de Cuyo; e
  • Valle de Uco

São regiões bem distintas e distantes, então você deve escolher uma delas por dia para apreciá-las, a não ser que você tenha poderes de teletransporte como os do Goku.

Para o passeio por vinícolas, escolhemos um serviço de remis. É um serviço de carros particulares que te levam em vinícolas da sua escolha. Eles também sugerem vinícolas com base em seu gosto. O preço, normalmente, é caro: cerca de US$250, o que não inclui as degustações e o almoço. Não vou divulgar o remi que contratamos, mas, pelos comentários pela internet, foi o mais bem avaliado. Contudo, ele nos deixou na mão e o resultado do serviço, para nós, foi insatisfatório. Explicarei o porquê.

Existem várias formas de visitar as vinícolas. Para saber sobre essas dicas, acesse o post de dicas sobre Mendoza. Lá tem tudo! 😜
Pois bem, esse post talvez pareça a alguns meio mimimi, porque vou falar em alguns pontos sobre o quanto eu não gostei do nosso serviço de remis, mas a realidade é que gostamos muito do passeio de toda forma e das vinícolas, que foram o máximo! 😉 Só não gostamos do serviço.

Uma rua em Mendoza, Argentina.
Esperamos por meia hora o motorista chegar. Fazia frio!

Combinamos tudo por Whatsapp e nossa única exigência era conhecer a vinícola Trapiche. Então, por ser na região Maipú, e como só poderíamos visitar vinícolas durante um dia, eles nos sugeriram ir, também, na Pasrai, que produz azeites, e na El Enemigo, para almoçar, por ser o 1º lugar no TripAdvisor.

Ao final, ele já nos deixaria no Parque General San Martín. O itnerário foi assim:


Acordamos cedo e esperamos o nosso motorista na frente de nosso hostel, o Hostel Suites Mendoza, com uns 15 minutos de antecedência, e o infeliz ainda se atrasou em 30 minutos do combinado. Fiquei plantado feito uma parreira passando frio no lado de fora do hostel, e cheguei a cogitar que tivesse nos dado o bolo. Como pode uma coisa dessas acontecer para um serviço tão caro?

Beleza, quando ele chegou, ele nos levou à primeira vinícola, ou, como eles mesmos falam, a primeira bodega: Trapiche.

Curiosidade: Mendoza é conhecida como a Terra do Malbec porque a uva mais comumente cultivada na região é o Malbec.

Bodega Trapiche

Lateral da Vinícola Trapiche, em Mendoza, Argentina.
Lateral da Trapiche.

Há algo de muito especial para nós na Trapiche, pois, quando fizemos nossa primeira viagem juntos, que foi para Porto Alegre, decidimos que tomaríamos vinho todos os dias. E, no primeiro dia, compramos um vinho no supermercado e levamos para a beira do Guaíba, onde assistimos a um pôr-do-sol fenomenal enquanto degustávamos esse vinho, que era, precisamente, um Malbec da Trapiche. Desde então, ficou eternizado como nosso vinho favorito, e, claro, queríamos visitar a vinícola. 😍

Lateral da Vinícola Trapiche, Mendoza, Argentina.
Mesmo ponto em que eu estava, visto de outro ângulo. Quis tirar o carinha ali com o Photoshop, mas não deu.

Assim que chegamos na vinícola, o tour de vinhos já estava quase terminando. Perdemos ele porque o nosso motorista se atrasou. 😡 Então ele, ao menos foi nos guiando pela vinícola, mostrando cada uma de suas partes e falando um pouco sobre o processo de fabricação. Era o mínimo que poderia fazer depois da mancada!

Sala com toneis de vinho na vinícola Trapiche, Mendoza, Argentina.
Sala com os toneis.

É uma vinícola bastante bonita. Assim que você chega pode vislumbrar as parreiras em sua frente e seu estilo arquitetural antigo. Ao seu lado passa uma linha férrea desativada bastante fotogênica, e, na parte de trás, há um lago e muita vegetação. Bem bucólico. Seu interior também é belo, e os equipamentos utilizados na produção dos vinhos são dos mais modernos. Pena que, na época, não tínhamos muita noção de como tirar fotos. As boas que saíam vinham por mera sorte. Do contrário faríamos miséria!

Um vagão na vinícola Trapiche, Mendoza, Argentina.
Liliam empurrando o vagão com toda a sua força.

Confesso que adoraria fazer uma daquelas fotos amarrados na trilha do trem, prontos para serem mortos pateticamente para sempre, amassados por um trem feito as uvas! Parece divertido. A experiência sempre me ensinou que é preferível morrer do que perder a vida.

Um lago na vinícola Trapiche, Mendoza, Argentina.
Liliam e seu barril, sentindo-se o Chaves. Este é o lago nos fundos da vinícola.
Degustação e visitação na vinícola Trapiche, Mendoza, Argentina.
Degustação e visitação.

Pegamos só um pedaço da degustação, que foi uma delícia, como imaginaríamos, e partimos para as áreas externas da vinícola para tirar fotos. Ah, e foi lá que a Liliam experimentou uvas direto das parreiras pela primeira vez. Spoiler: são docinhas, docinhas!

Parreiras coloridas de Outono na vinícola Trapiche, Mendoza, Argentina.
Parreiras coloridas, por conta do outono, e o prédio principal da Trapiche ao fundo.

Porém, logo veio o motorista, dando a entender que teríamos de ir para a próxima logo.

Muitas uvas na vinícola Trapiche, Mendoza, Argentina.
Uvas, uvas, uvas! Detalhe para a felicidade da Liliam comendo as uvas docinhas!

Pasrai Olivícola Boutique

Olivícola Pasrai, Mendoza, Argentina.
Olivícola Pasrai

Assim que ele nos sugeriu visitar uma olivícola, produtora de azeites, achamos que seria interessante para dar uma variada.

Maquinário para fabricação de azeites na olivícola Pasrai, Mendoza, Argentina.
Maquinário utilizado na fabricação de azeites.

A Pasrai não é deslumbrante como as outras vinícolas. É um estabelecimento bem simples, mas vale a pena a visita. Dessa vez, fizemos o tour guiado inteiro sobre o processo de produção de azeite. Entendemos sobre azeites virgens, extravirgens, e compreendemos o seu significado. Não que eles vivam, tadinhos, com cinto de castidade ou tenham nascido em meados de setembro. São extravirgens porque possuem acidez de até 0,8%. Possuem, assim, LDL, colesterol de baixa densidade, que é o bom, e são bem calóricos. No Brasil, é obrigatório falar sobre a acidez, enquanto na Argentina não é. Então eles, que produzem azeites de qualidade, têm dificuldade de provar isso nos mercados.

Liliam experimentou uma das olivas direto na árvore. Spoiler: são horríveis, haha! Nada parecidas com as azeitonas que comemos em conserva.

Houve uma degustação com pães também com azeites de tudo quanto é tipo, e também vinagre. Para a nossa surpresa, gostamos tanto que compramos um azeite de alho para levar!

Cremes e sabonetes feitos de oliva na Olivícola Pasrai, em Mendoza, Argentina.
Cremes e sabonetes feitos de oliva!

Ah, detalhe, existem também cremes feitas das olivas. Coisa totalmente nova para a gente. Compramos, inclusive, um que é hidratante. Garantem que funciona bem!

Degustação de azeites na olivícola Pasrai, em Mendoza, Argentina.
Degustação de azeites deliciosos!

Fizemos amizade com um casal, a Áurea e seu marido, que, apesar da bagagem de vida, são joviais e viajam pelo mundo, sempre muito felizes. Queremos ser como eles! E mantemos contato com eles até hoje no Facebook. Adoramos isso.

Bodega El Enemigo

Bodega El Enemigo, em Mendoza, Argentina.
Bodega El Enemigo. Bem diferenciada!
Por fim, visitamos a El Enemigo. Diferenciada, é uma vinícola recente e de visual moderno, criada pelo enólogo da famosa e tradicional Catena Zapata. Bem gourmezinha. Para quem gosta de comida chique e de atendimento bom, então lá é o lugar. Não é por pouco que tem 5 estrelas no TripAdvisor e ocupa o 1º lugar em Mendoza.
Sala de almoço na vinícola El Enemigo, em Mendoza, Argentina.
Sala de almoço da El Enemigo.
Fomos direto para o almoço, pois estávamos varados de fome. Acima temos a imagem de uma das salas de comilança. Seus vitrais coloridos concedem ao ambiente um charme único e moderno, que intensifica a experiência.

Escolhemos uma mesa, que dividimos com este casal que conhecemos na Pasrai, pois, coincidentemente, encontramos os dois lá. Dividimos, os quatro, um vinho mais carinho. O restaurante oferece entradas, prato principal e sobremesa.

Prato de entrada na vinícola El Enemigo, em Mendoza, Argentina.
Entrada #1.
Outro prato de entrada na vinícola El Enemigo, em Mendoza, Argentina.
Entrada #2.
Pato, um prato principal na vinícola El Enemigo, em Mendoza, Argentina.
Meu prato principal, um coelho.
Salmão com molho mostarda, um prato principal na vinícola El Enemigo, em Mendoza, Argentina.
Prato principal da Liliam, um Salmão com molho de mostarda.
Sobremesa na vinícola El Enemigo, em Mendoza, Argentina.
Sobremesa. Confesso que não me lembro o que as coisas eram, mas sei que um deles era uma espécie de crepe com o maravilhoso doce de leite argentino.

As entradas foram queijos, pães e frios. Aqueles pratos bem gourmets, ou seja, comida bem no cantinho e o restante do prato lambuzado de algum molho, só pra tapear o estômago. Mesmo sendo “pouco”, muito deliciosos. Quanto aos pratos principais, Liliam pediu um salmão, enquanto eu pedi uma carne de coelho. Não hesitei ao ver, no cardápio, a palavra conejo. Normalmente escolho opções diferentes para ter a experiência. Li conejo, não sabia o que era, mas sabia que era o que eu queria. O que veio foi o prato que se vê acima. Um coelho quase inteiro, saltando, feliz e contente. Confesso: fiquei me sentindo um pouco mal de estar comendo o bichinho bonitinho, haha! Mas comi. Sim, sou hipócrita. 😆

Delicioso vinho da vinícola El Enemigo, em Mendoza, Argentina.
O vinho maravilhoso que a gente escolheu.

Bucho enchido, fomos explorar um pouco a vinícola, que é, de fato, bem diferente de tudo o que já havíamos visto antes. Detalhe para os toneis em formato de ovo.

Achamos aqui um ótimo post sobre a El Enemigo, feito por quem realmente entende do assunto.

Claro que o motorista veio dizer que já tava na hora de ir embora. Passamos para ele os US$250. Nessa hora que eu fiquei pensando que ele iria dar algum desconto por conta das mancadas, mas, não. Recebeu tudo de bom grado.

Charmosa vinícola El Enemigo, em Mendoza, Argentina.
A vinícola El Enemigo é de um charme só!

Achei bem fraco o passeio, sobretudo porque é vendido como “vamos passar o dia inteiro com vocês, como motoristas particulares e com muito conforto” e o negócio termina 4h da tarde. Preferiria muito mais ter pego o bus hop on/hop off, em que eu ficaria o tempo que eu quisesse nas vinícolas e pagaria nem 25% do valor. Mas enfim.

Parreiras e o moderno na vinícola El Enemigo, em Mendoza, Argentina.
As parreiras e o moderno de El Enemigo.


Parque General San Martín

Reservamos um dia inteiro para o Parque General San Martín, dado o seu tamanho. Porém, como sobrara um pouco da tarde nesse dia #1, já resolvemos ir lá conferir algo. Para se ter ideia, só de trilhas lá dentro são 17km, e tem uma área de 307 hectares. É quase o tamanho do Central Park, de Nova Iorque, de 341 hectares.

Curiosidade: antes que a síndrome de vira-lata bata forte, o maior parque urbano do mundo é o de Brasília, Sarah Kubitschek, com 420 hectares. Mesmo assim, tivemos a impressão de que o San Martín era maior, por ser mais denso de vegetação e ter mais coisas para fazer.

Pedimos para que o motorista nos deixasse lá, e ele o fez. Chegamos na entrada e vimos um ônibus hop on/hop off do Mendoza City Tour (que você paga 1x e pode usar quantas vezes quiser no dia). Aliás, tamanha foi a nossa sintonia com a Áurea e seu marido que encontramos eles no bus também! Nem estava combinado.

Como o ônibus tinha um terraço, ficamos lá para ir observando o parque. É de encabular como em uma região semi-desértica fizeram um parque com tanta vegetação. Praticamente inteiro com árvores trespassando as ruas, e tudo muitíssimo bem cuidado.

Monumento Nacional al Ejército de Los Andes, no topo do Cerro de la Gloria.
Monumento Nacional al Ejército de Los Andes, no topo do Cerro de la Gloria.

Decidimos somente descer na parte mais alta, o Cerro de la Gloria, onde há um belíssimo monumento, o Monumento Nacional al Ejército de Los Andes. De grande imponência, foi construído em homenagem ao centenário da Travessia dos Andes, que, liderado pelo General San Martín, foi um dos feitos mais importantes nas guerras de independência dos vizinhos Argentina e Chile.

Anfiteatro no Parque General San Martín em que ocorrem as apresentações do festival de Vendímia, na época da colheita, em Fevereiro.
Anfiteatro em que ocorrem as apresentações do festival de Vendímia, na época da colheita, em Fevereiro. Isso mesmo, o parque tem até um anfiteatro!

Ah, quem quiser comprar lembranças, há feirinha lá em cima do cerro. Vale a pena!

Do topo do Cerro de la Glória, visão da pré-cordilheira dos Andes.
Do topo do Cerro de la Glória, podemos ver a pré-cordilheira dos Andes.

Plaza Independencia

Teatro na Plaza Independencia, em Mendoza, Argentina.
Teatro na Praça Independencia e uma “folha do Canadá”! 

Fechamos o dia indo para a Plaza Independencia, que fica no centro da cidade e é o point. Incrível a energia da cidade, a tranquilidade, a qualidade de vida de quem mora lá. Muitas famílias passeando e o clima tudo de bom. Tava rolando um teatro no meio do parque, e foi assim que fechamos este dia. 😃

Veja também

Imagem da sommelier Cecília Aldaz, que apresenta o programa Um Brinde ao Vinho.
Cecília Aldaz, do programa “Um Brinde ao Vinho”.
Para quem gosta de vinhos, o Canal Mais tem um programa muito bom: Um Brinde Ao Vinho. É apresentado pela experiente sommelier Cecília Aldaz, que é natural de Mendoza, e mostra vinícolas de diversas partes do mundo, inclusive de Mendoza, claro, e algumas do Rio Grande do Sul, que também são ótimas. Nós assistimos ao programa com bastante frequência e adoramos!

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