Mirante do Aconcágua, na província de Mendoza, Argentina

Um passeio pela região do Aconcágua, em Mendoza, passando pela incrível Puente del Inca, e também pela estação de esqui Los Penitentes, pelo Vale de Potrerillos, pelo vilarejo Uspallata nas montanhas, por um mirante do Aconcágua e pelo Cristo Redentor dos Andes, que divide a Argentina e o Chile.

Sobre o passeio Alta Montaña

Provavelmente um dos pontos altos de nossa viagem a Mendoza: é assim que eu posso descrever este passeio Alta Montaña, ou Alta Montanha. Tem esse nome porque as montanhas são altas. Claro! Mas o que poucos sabem é que o ponto mais alto das Américas está justamente ali: é o Aconcágua! E, nesse passeio, você tem a oportunidade de vê-lo, o que é incrível. Os mais corajosos fariam uma expedição até o topo. Não é pra gente! Mas, quem sabe?

De toda forma, o passeio é incrível a vale super a pena!

Não deixe de ver o vídeo no topo do post. Esse vídeo desse post é diferente e é só sobre esse passeio da Alta Montaña, e só tem um minutinho. Vê lá antes de ler o post!

O post com dicas gerais sobre Mendoza e também um índice de todos os posts da série pode ser conferido aqui.

No post anterior, contamos como foi nosso passeio de vinhos pela região Maipú. Você pode conferir o post aqui.

Índice

Neste post você verá o seguinte conteúdo:

Dia #2 (27/03/2016): A Fronteira de Pedra

Como é o passeio?

A cidade Mendoza, muito embora seja super arborizada e com árvores por tudo quanto é lado, fica em uma região semi-desértica. Significa que a área tende a se tornar um deserto com o aumento da temperatura. Por meio de sistemas de canais, que trazem água de degelo dos Andes, eles conseguem manter o verde vibrante na cidade. Contudo, afastar-se dela é dar de cara com exuberantes paisagens em que, durante a primavera e o outono, dominam o marrom e os picos brancos.

Na estação de esqui Los Penitentes. Montanhas ao fundo.
Na estação de esqui Los Penitentes. Montanhas ao fundo.
Um excelente passeio para se fazer é o que eles chamam de Alta Montaña. Nele, você vai até a fronteira do Chile, avista o Aconcágua, que é o pico das américas, e passa pelos seguintes lugares:
  • Vale de Potrerillos, que possui um belíssimo lago, onde os mendoncinos vão para passar um dia com a natureza;
  • Uspallata, um vilarejo no meio das montanhas;
  • Los Penitentes, uma estação de esqui andina.
  • Mirante do Aconcágua, um pequeno mirante em que é possível deslumbrar o grandioso pico das américas; e
  • Cristo Redentor dos Andes, um monumento no ponto exato da fronteira entre a Argentina e o Chile, a 3.832m do nível do mar.
Os ventos são absurdos e geladérrimos! Os nosso chapéus constantemente saíam voando loucamente, mesmo que eu amarrasse a cordinha deles no pescoço, inclusive quase perdi o meu! Aliás, foi nesse passeio em que, até então, eu passara o maior frio da vida, totalmente contra a expectativa! Foi a primeira vez em que eu soube o que é a mão quase cair de tanto frio… Doía!

Dica: É um passeio do tipo “tira casaco/põe casaco”. Vai sentir calor, e, às vezes, muito frio, ao ponto de que eu recomendo, inclusive, luvas. 

Dica: Fomos no outono. No inverno, a paisagem muda completamente e se pinta de branco. Daí é possível esquiar em Los Penitentes, porém o Cristo Redentor dos Andes fica interditado (mal consigo imaginar a morte lenta e dolorosa que deve ser lá em cima no inverno, se já em março a gente quase congelou completamente, então faz sentido).

Para nós, foi um passeio pra lá de pitoresco, já que esse tipo de visão jamais tivemos antes! Precisa dizer que é 100% recomendado, sim ou sim?

O itinerário foi esse acima. Como podem observar, o Cristo Redentor dos Andes se encontra bem na divisa entre a Argentina e o Chile, o que mostraremos ao final do post. Então é seguro dizer que visitamos o Chile nesse passeio, também!

Dica: leve água para evitar desidratação. Dica óbvia, mas a gente, às vezes, acaba se esquecendo de que, além do clima seco, a altitude faz a gente desidratar, então é sumamente importante. Engraçado é que, se a garrafa de água for frágil, você vai conseguir notar durante o tour que ela se expande na subida e se contrai na descida, devido à variação de pressão atmosférica.

Na estação de esqui Los Penitentes. A bandeira da Argentina, imponente.
Na estação de esqui Los Penitentes. A bandeira da Argentina.

Neste passeio, havia um fotógrafo com câmera profissional tirando fotos da gente, e, como foi barato, decidimos comprá-las. Algumas das fotos aqui são dele!
Dica: Você pode ir de carro alugado, se quiser. As estradas são surpreendentemente tranquilas, até porque é uma transandina que liga Mendoza a Santiago do Chile. A única exceção é a subida até o Cristo Redentor dos Andes, que é em estrada de terra, estreita, e com um belo de um abismo capetônico ao lado! Ficava só imaginando a van rolando ladeira abaixo que nem cena de novela e explodindo ao final. Trágico!

Vale de Potrerillos

Vale de Potrerillos. Valle de Uco, Argentina.
Vale de Potrerillos.
A primeira parada foi em um mirante do Vale de Potrerillos. Stop rápido para apreciação. É um lago enorme e bem amplo. São vários mirantes disponíveis. O legal era ver o tanto de carros estacionados próximo ao lago com famílias aproveitando o dia. Pelo visto, a qualidade de vida de Mendoza é realmente das boas.

No Vale de Potrerillos. O marrom domina, mas alguns picos brancos já começavam a aparecer.
O marrom domina, mas alguns picos brancos já começavam a aparecer.

Achei super engraçado o fotógrafo, porque foi aí que ele começou com as fotinhas e, também, com os vídeos. ¿Hola chicos, están bién? E ficava fazendo vídeos toscos sobre o que estávamos achando do lugar e que mensagens tínhamos para a nossa família, como se estivéssemos, sei lá, no programa da Xuxa. (a propósito, um beijo pra minha mãe, pro meu pai, pra meu filho inexistente, pra meu futuro gato e principalmente para você, XUXA, ah, e, também, para a Sasha, hihi). 

Uspallata – Uma cidade nas montanhas

Após isso, uma parada no vilarejo Uspallata para tomar café da manhã e também conhecer um pouquinho dela. É bem simples, pequeno e pacato, com clima agradável. Simples e organizadinha, até gostaria de ter ficado mais tempo lá. O destaque vai para o fato de que fica no meio das montanhas, ou seja, lindo.

Eu com chapéu argentino, comprado em Uspallata.
Comprei um chapéu argentino!

Aproveitei para comprar um chapéu, que usaria pelo resto do passeio 🙂 Adoro!

Los Penitentes

Subindo no teleférico!

Los Penitentes é uma estação de esqui. “Mas meninos, que foram fazer na estação de esqui no início de outono?”. Decerto há mais coisas pra se fazer lá no inverno, e, claro, fomos na estação de esqui porque fazia parte do itinerário do tour, haha, mas, vamos lá: andar de teleférico é muito legal! E a visão lá de cima é o que você pode ver pelas fotos. Nada que eu consiga descrever com muita facilidade, mas, acredite: vale a pena.

Los Penitentes, Mendoza, Argentina.
Dançando a dança do deserto.

Importante: No nosso tour, o preço do teleférico não estava incluso. 

Passando um batom no teleférico da Los Penintentes.
Aproveitando para passar uma maquiagem até no teleférico. Não pode perder tempo! Haha!

Puente del Inca

Mercadinho na Puente del Inca.
Mercadinho na Puente del Inca.
A Puente del Inca é um povoado mendoncino próximo ao Aconcágua. Tem esse nome por causa da formação rochosa que forma uma ponte natural que passa sobre o rio Las Cuevas. Sob a ponte, foi construído um hotel de banhos termais, que foi abandonado em 1965.

Puente del Inca. Mendoza. Argentina.
A tal da ponte natural gerada pela petrificação de uma ponte humana de guerreiros incas.
Ao fundo da Puente del Inca, pode-se ver uma igreja de pedra, isolada em meio às pedras, e que, ao contrário do complexo que havia neste lugar, que foi quase que completamente destruído, sobreviveu, quase que intacta, a terremotos graves e a uma avalanche. Um tanto curioso, não? [1]

Curiosidade: Você se pergunta, como assim “Puente del Inca“, tão longe de Machu Pichu? Chama-se assim por conta de uma história. Diz-se que, antes da chegada dos espanhois, o herdeiro do império do trono Inca, lá em Cusco, foi afetado por uma paralisia um tanto estranha e séria. Tentaram de tudo para curá-lo, mas foi em vão. Os sábios, então, recomendaram que rumassem a uma determinada região bem distante, ao sul, pois lá achariam a cura.

Os melhores guerreiros, junto do Inca – tal como é chamado o monarca –, montaram uma caravana ao sul, enfrentando todas as dificuldades possíveis que a cordilheira dos Andes poderia oferecer. Um caminho super tranquilo, 3.000km, me parece uma história super verídica, sobretudo envolvendo transportar um príncipe com paralisia, mas continuemos.

Quando chegaram na localidade que hoje é a Puente del Inca, viram que, do outro lado de um barranco, estavam as fontes termais que seriam capazes de curar o príncipe. Os guerreiros se abraçaram e fizeram uma ponte humana para que o Inca passasse com o seu filho e, lá achasse sua cura. Quando se virou para agradecer, os guerreiros se petrificaram, formando a ponte. Percebeu-se que foi criada devido a onipotência do deus Inti (Sol) e de Mama Quila (Lua).

Passaram a noite lá e o deus Inti, piedoso, desceu para ajudá-los na volta. Lindo.  [2]

Um pouco do povoado de Puente del Inca.
Um pouco do povoado de Puente del Inca.

O lugar em si é muito distinto e tem várias, várias vendinhas artesanais muito boas, cheia de artefatos incas. Liliam, toda feliz, comprou um cachecol de lhama bem quentinho.

Experimentem tirar fotos na trilha de trem, que é um tanto fotogênica!

Linha de trem na Puente del Inca.
Linha de trem na Puente del Inca.


Mirante do Aconcágua

Aconcágua, imponente, ao fundo.
Aconcágua, imponente, ao fundo.

No caminho do Cristo Redentor dos Andes, paramos em um mirante para observar o Aconcágua ao fundo. Não seria possível, nesse tour específico, visitar o Parque Provincial Aconcágua, já que ele é grande e exige um tour inteiro só para ele. Então, por isso, eles fazem essa parada nesse mirante, onde podemos observar o Aconcágua enorme lá no fundo, com seu pico nevado durante o ano inteiro.


O casal e o Aconcágua.
O casal e o Aconcágua.
É o tipo de coisa que você tem que fazer só pra dizer “eu vi!”. Haha! Afinal de contas, o Aconcágua é, como não canso de dizer, o ponto mais alto das américas. Eu, pessoalmente, jamais me animaria de subir lá, é um dos esportes mais perigosos do mundo. O ar rarefeito pode ser mortal, e uma nevasca imprevista acabaria com tudo. Só ver o filme Everest para nunca ter vontade de fazer isso… Deixo para os realmente corajosos! Para isso, sou bunda mole.

Curiosidade: A altitude do Aconcágua é de 6.962m. Em comparação, o Everest possui 8.848m. Uma expedição ao cume do pico das américas dura, em média, 13 dias, partindo da Puente del Inca. O recordista gastou 3 dias na subida [3]. Alpinistas consideram a subida fácil em aspectos técnicos, embora exigente por conta do ar rarefeito.

Cristo Redentor dos Andes

Nosso destino final é o Cristo Redentor dos Andes. A subida é meio tensa. A estrada é de terra e os caminhos estreitos, então, ao olhar pela janela da van, o que eu via era um abismo. Não queria nem saber como seria caso alguma pedra solta nos fizesse cair dali.. Rolaríamos para a morte. Requiescant in pace!

Vista de cima, ao subir até o Cristo Redentor.
Vista de cima, ao subir até o Cristo Redentor.
É claro que chegamos vivos, até porque não sei se no céu (ou sejá lá para onde eu iria…) não tem Wi-Fi, e não teria como eu estar escrevendo postumamente sobre minhas memórias como Brás Cubas. 
No topo, saímos da van, e a primeira constatação é: faz frio. Muito frio. Um frio que jamais havíamos experimentado antes. Depois, conheceríamos um frio maior em uma nevasca em Bariloche, mas estaríamos preparados, com primeira, segunda e terceiras peles em cima e embaixo. O que a gente não imaginava era o frio que faria perto do Cristo!

Cristo Redentor dos Andes. De um lado, Argentina. De outro, Chile.
Cristo Redentor dos Andes. De um lado, Argentina. De outro, Chile.
E o vento também nos pegou de surpresa. Foram pelo menos duas vezes em que o meu chapéu saiu voando, mesmo com meus esforços de amarrá-lo em meu pescoço – o nó saía, de tão forte que era o vento. Considero um milagre ainda tê-lo.
O monumento é bem simples e possui as bandeiras da Argentina e do Chile em cada lado, indicando que, se você estiver em um lado do monumento estará no país do tango, e, no outro lado, estará na nação do Pisco Sour (ai meu Deus, estou arranjando tretas com os peruanos…). Então, tecnicamente, você visita dois países nessa brincadeira.

Uma montanha no Cristo Redentor dos Andes.
Quem olha pensa que estou fazendo pose. Na verdade estou segurando o chapéu do vento absurdo!
Era difícil explorar o ambiente lá em cima e só tinha uma casinha para se proteger. Lá, dá pra comprar souvenirs (basicamente os mesmos que você encontra na Puente del Inca). Mas a maior utilidade é sair correndo até ela só para fins de sobrevivência, para não morrer de hipotermia.

Dica: também existe uma estrada até o Cristo Redentor dos Andes partindo do lado chileno.

Feito o passeio, apenas lanchamos em um restaurante no caminho (a comida não era boa), e voltamos para Mendoza. Excelente passeio! 

Fontes

Para algumas informações nesse post, eu tive que dar uma pesquisada em alguns sites escritos em espanhol. Esses foram os que eu consultei: