Previously on S2S’s Cape Town Trip
Não deixe de conferir o vídeo musical no topo. Pesquisas mostram que ver o vídeo vai ter dar mais felicidade do que comer um chocolate suiço, então já sabe.
Dia #5.1 (21/03/2017) – Vinhos em Stellenbosch e Franschhoek
- Nossa guia sul africana, extremamente simpática;
- Duas americanas de Atlanta;
- Um casal de alemães;
- Um casal de suecos (extremamente fofos);
- Um francês que trabalhava como comissário de bordo na Airfrance, e que, graças a isso, conhecia boa parte do mundo.
- A mãe do francês, que era a única que não falava em inglês, e ficava meio que boiando.
Vale ressaltar, toda via, que as duas culturas de uva mais comuns na Áfica do Sul são Shiraz e Pinotage, e que os vinhos produzidos com elas são mais fortes/encorpados do que o normal.
Zevenwacht Wine Estate
Nossa primeira parada foi na vinícola Zevenwatch. É uma vinícola grande, bonita, e com casas ao estilo colonial da África do Sul.
Rickety Bridge Winery
A segunda parada foi a Rickety Bridge Winery. Montanhas maiores se podia ver ao fundo, sendo essa vinícola mais próxima de Stellenbosch. Aqui a degustação de vinhos foi apenas com… vinhos. Nada de queijos ou biscoitos. Isso tornou essa meio sem graça.
É interessante como eles sempre colocam um pouquinho de vinho somente na taça enorme. Contudo, de pouquinho em pouquinho, não é incomum ficar mais pra lá do que pra cá com o tempo.
Aproveitamos para fazer uns takes de Waka Waka porque precisávamos. Escondemo-nos no meio das parreiras para que os europeus não nos vissem fazendo s2stationzisses. Em um momento, Liliam colocou a bolsa dela em um veículo, acho que uma espécie de charrete, para que tirássemos fotos e fizéssemos vídeos. E estávamos super felizes, tranquilos, quando a tal da charrete resolveu andar. Só se viu a Liliam correndo desesperadamente pela vida bolsa dela, como se não houvesse o amanhã.
(ocorre que nem sempre o Waka Waka dá certo…)
Stellenbosch
A cidade de Stellenbosch é tipo uma graça. Se por acaso pensar em se hospedar lá, acho que pensou certinho. Cidade colonial. A segunda colônia europeia mais antiga da África do Sul.
Pense em algo como uma Ouro Preto africana. É basicamente isso. Casas ao estilo antigo, ruas cheias de árvores, abastecidas por um sistema de canais eficiente que nos lembrou, e muito, Mendoza. Como na cidade argentina, montanhas complementam a paisagem, e vinícolas estão ao seu redor.
Franschhoek
A seguir, paramos na cidade de Franschoekk, que é bastante semelhante a Stellenbosch, só que menor. Mesmo estilo de casas coloniais e tal. Paramos lá para almoçar. Deram-nos 1h.
Estátua do Nelson Mandela no Presídio Drakestein
Paramos na frente do Presídio Drakestein, o último lugar onde Nelson Mandela esteve preso por conta de sua luta contra o regime do Apartheid.
Para quem não sabe, o Apartheid foi um regime sul-africano em que havia separação total entre brancos e negros. Em tudo. Desde bairros que eram frequentados somente por uma determinada etnia até hospitais e, inclusive, banheiros de escola em que o branco e o negro não se misturavam. Casamento entre dois diferentes, nem pensar! Era uma segregação forte, institucional, definida pelo governo, composto por uma minoria branca. Nelson Mandela foi um líder na luta contra esse regime, e, por isso, foi preso, e atrás das grades permaneceu por 27 anos. O regime não vigora ainda de maneira institucionalizada, porém suas consequências culturais podem ser facilmente observadas. Negros frequentemente ocupam empregos menos valorizados e dificilmente se vê um branco e um negro juntos. Fiz questão de exemplificar casos contrários, mas o comum ainda é a segregação.
O que veio a seguir foi um monólogo emocionante de nossa instrutora, que era um caso raro para a sua idade: uma mestiça. Assim como eu, e assim como, provavelmente, você, que está me lendo, e também boa parte da população brasileira, tão miscigenada como ela é. Ela explicou que, por muito tempo, sua condição, gerada por meio de uma união proibida entre um negro e um branco, colocou-a na miséria, pois não era branca e nem negra, era um nada. Em um ambiente em que prevalecia a segregação, se até banheiros assim eram tratados, quais ela deveria frequentar? Não seria bem vista em nenhum dos dois lugares. E isso para cada aspecto da vida, seja por questões territoriais quanto sociais.
Imagem de notas e moedas de Rands, Neson Mandela nelas. Fonte: DestinyConnect. |
Como lidar com isso? Consegue perceber o enorme transtorno que isso causou na vida dela? Foi aí que ela utilizou a estátua de Nelson Mandela para explicar o porquê de o homem ser tão venerado, a ponto de tantas homenagens a ele estarem espalhadas pelo país. Até mesmo no dinheiro está lá o rosto do líder. Um homem que viabilizou o fim de um regime que faria ela ter condições de ser considerada alguém. É claro que, como eu disse, as consequências culturais se mantiveram, e coisas como obter fluência tanto em inglês quanto em africâner ajudaram-na a obter respeito dos dois grupos, mas Nelson Mandela libertou muitos de um regime cruel e racista. Acredito que não houve quem não se emocionasse, nem que fosse um pouquinho, com o seu discurso, que, infelizmente, não consigo reproduzir fielmente tal como ele foi pronunciado.
Prometi a mim mesmo que não escreveria neste blog nada que pudesse ser polêmico, visto que o objetivo ele é tratar a vida com humor. Meu objetivo é te fazer rir. Ocorre que, infelizmente, nem tudo nesse mundo possui sequer uma pespectiva passível de ser engraçada. E, talvez, o leitor discorde de mim, mas vou correr esse risco ao dizer que esse é o tipo de coisa que só se vivencia visitando a África, de onde se originaram as caravelas malditas que trouxeram negros de seus lares, tratando-os como se fossem objetos, e deixando guerras civis em sua terra de origem. Compreender que a raiz do racismo está na segregação, institucionalizada ou não, no tratamento diferente e brutal (ou até mesmo sutil) entre duas pessoas simplesmente por possuírem cor de pele. Incitar ódio por conta de etnia. O quão monstruoso é isso? Busquemos compreender o outro. E torçamos para que venhamos a viver em um mundo melhor.
É o que tenho a dizer sobre isso. Voltemos à nossa programação normal.
KWV
Nossa última parada foi numa loja da KWV, que fica na cidade de Paarl. Não era uma vinícola, não havia parreiras por perto. Mas tivemos uma degustação.
Liliam pediu encarecidamente que houvesse chocolates no meio, pois veio seca para a África do Sul desejando uma degustação com chocolates. Então eles arranjaram para a gente! Olha só que feliz!
Essa degustação foi engraçada porque, na mesa, havia um papel com as taças para cada um dos vinhos. Além disso, fez parte dela um conhaque e um licor de creme com caramelo (Wild Africa Cream), que se parece muito com Amarula, mas não é.
Tudo muito bom, aproveitamos para conversar bem com os nossos amiguinhos estrangeiros.
Foi um dia maravilhoso! Voltamos para a Cidade do Cabo, e, como fomos uns dos últimos a serem entregues, fomos nos despedindo de cada um. Super gracinha todo mundo se despedir dos franceses com um au revoir. Meigo. Os alemães nos ensinaram a dizer tchau em alemão, mas achamos difícil.
É quase o fim
Mas o dia não acabou aí. Logo depois, fomos ao GrandWest Casino assistir a um show do Blue Man Group, o que narraremos no próximo post, que será o último da série Cidade do Cabo. Spoiler: o cassino é INCRÍVEL. Au revoir!