A chegada em Bangkok, na Tailândia, nossas aventuras em seus belíssimos templos e uma janta às cegas no Dine in the Dark.

Este é o primeiro post da série “Tailândia”.

O post índice, contendo o link para cada um dos posts, você pode acessar aqui.

Não deixe de ver o vídeo da viagem no topo do post! É um vídeo musical bastante divertido, eu garanto!

Dia #0 – Chegada em Bangkok

Antes de mais nada, é importante mencionar que Bangkok é meramente um apelido da capital da Tailândia, tão conhecida por conta de “Se Beber Não Case – Parte 2”. O seu nome completo é muito maior, e, segundo a Wikipédia, melhor fonte de conhecimento já criada, e não estou sendo irônico, seria traduzido como o seguinte:


Cidade dos Anjos; Grande Cidade; Cidade da jóia eterna; Cidade inabalável do deus Indra; Grande capital do mundo Ornada com nove preciosas gemas; Cidade Feliz; Palácio Real enorme em abundância que se assemelha à morada celestial onde reina o deus reencarnado ou Uma cidade dada por Indra e construída por Vishnukam

Fofo. Apelidei Bangkok de Banpinto, achei mais divertido.

Primeira coisa a se fazer ao chegar no aeroporto, além de obviamente pegar as malas, é desesperadamente procurar por rede WiFi. E, para manter a continuidade da internet, tão preciosa internet, achar um chip de celular. Compramos um da operadora AIS na área de pegar as malas mesmo. O preço foi 500 bahts (~R$50), com 5GB válidos por 15 dias. Se vocês quiserem, podem deixar para comprar depois, conseguem por 300 bahts o mesmo plano. Acontece que o desejo de estar logo com internet e poder postar de tudo é mais intenso do que qualquer outra coisa. Assim, o meu chip eu comprei já antes de sair do aeroporto. Na pirâmide de Maslow, internet está logo na base, então é essencial.

Vale mencionar que a internet é 4g+ e incrível. O único lugar em que não pegou foi no Elephant Jungle Sanctuary, em Chiang Mai, que era no meio de uma montanha. Fora isso pegou em tudo quanto é lugar, até no meio do mar.
Claro, resolvido o problema terrível do chip de internet, cuja resolução era um pré-requisito para a boa continuidade da vida, trocamos um pouco de dinheiro só pra ter caso fosse necessário.

Para ir até o hotel, havia opções de Uber, Táxi ou Van. Como éramos um grupo e tínhamos muitas malas, optamos por um serviço de vans, oferecido logo na saída do aeroporto. No caminho, observamos a cidade. Massiva. Outdoors gigantescos por todos os lados, arranha-céus coloridos aqui e ali, tudo isso em meio a um trânsito caótico e ruas esquisitas. Dava pra notar, também, a estranha desigualdade social: muita pobreza em meio a alguns pontos em que a riqueza era absurda.

Chegamos no nosso hotel, o Modena By Fraser, muito bem localizado ao lado de uma estação de metrô, uma graça. Daqueles hotéis baratinhos da Tailândia, mas que te surpreendem de tão bonitos.

Bistro & Wine Bar

Depois de tomar um banho e, consequentemente, ter a oportunidade de ter alguma decência em nossa condição humana após tantas horas viajando, fomos para um restaurante Blend & Bistro Wine Bar usando o Uber. Um pouco caro e destoante do restante dos restaurantes em que fomos na viagem, mas foi o que achamos naquele momento, e não estávamos muito a fim de ficar procurando por algo melhor… Eu peguei um salmão e Liliam pegou uma macarronada.
Pois muito que bem, considerações importantíssimas sobre a comida. O molho do salmão era agridoce. Eu gosto de agridoce. Acho que dá pra comer esse tipo de comida uma vez ou outra. O que eu não sabia é que no restante da viagem 99% da comida seria regada a açúcar ou algum tipo de adoçante louco. Soubesse disso teria apreciado o sal que existia no Brasil enquanto pudesse.
Quanto à macarronada, Liliam fez questão de pedir algo no cardápio que não viesse com pimenta escrito. Caso tenham o desejo de visitar a Tailândia, guardem muito bem o que eu vou falar: se não é especificado em lugar algum que o prato tem pimenta, ou mesmo que você peça que ele venha sem pimenta, pimenta haverá. “Sem pimenta”, para eles, significa “com um pouquinho de pimenta”. Já “com pimenta” significa “por favor, traga o prato com pimenta e temperado pessoal e especialmente pelo ilustríssimo Satanás”.
Disso, é possível fazer uma regressão linear com base em amostragem estatística e resumir toda a gastronomia da viagem com uma única fórmula matemática:
Thai food = x + Açúcar + Pimenta*n
x normalmente significa flango ou algum fruto do mar, enquanto n pode assumir valores entre 8 e 80, mas nunca abaixo de 8, por mais que você peça, e infelizmente os valores são bem discretos e próximos de 8 ou de 80, muito frequentemente 80 mesmo. 😐
Ah, importante mencionar que aparentes transexuais tailandesas já começaram a aparecer pelas ruas. É esse um assunto que precisa ser conversado, afinal de contas a Tailândia é mundialmente conhecida por uma certa prática cirúrgica extrativista. Não havia uma pessoa que não fizesse a piadinha, “está indo pra Tailândia pra fazer a cirurgia, né?”. Pois, se eu quisesse, por que não? Cada um não é dono do seu próprio corpo? O engraçado é que a maioria delas são muito obviamente ladyboys, acho que não tomam hormônios então a voz fica grossa. E estão por todo lado. É cômico e nos divertiu.
Voltamos para o hotel e dormimos felizes, porque o próximo dia era o dia de templos, yay!

Dia #1 – Templos, o início – The Grand Palace e Wat Pho (Templo do Buda Reclinado)

Nível do calor: “acho que seria uma boa comprar um chapéu de vietcon”

Assim que acordamos, trocamos um pouco de dólares em um banco ao lado do nosso hotel, no FYI Center, e fomos em uma 7-eleven comprar um monte de coisinhas, também no mesmo prédio. É tudo bem diferente e interessante, aproveite para comprar os produtos que não existem no Brasil. A coisa mais bizarra que encontramos foi uma Lays sabor wasabi. Eu, que sou um grande fã da raiz forte, adorei. Mas o que mais compramos foram pistaches. Enquanto aqui no Brasil é um negócio bem gourmet, lá o pacotinho ia bem em conta. Tudo é muito barato.

Dica #1.1: Vá cedo para os templos, pois eles lotam. Alguns fecham cedo, algo tipo 4h da tarde.

Ida até o The Grand Palace – Metrô + Long-Tail Boat

Então nosso destino era o The Grand Palace. Para chegar lá, pegamos metrô, skytrain e barco. Comprar os bilhetes é muito fácil e só aceita dinheiro. Existe uma máquina para isso, e quando você chega nela está tudo escrito em tailandês. Primeira dica do Guia do Mochileiro das Galáxias é: não entre em pânico. Existe um botão que muda para inglês e aí estava tudo bem.

O esquema do metrô também é bem diferente. Você paga um valor que depende da distância que irá percorrer. Ou seja, ir a uma estação próxima é mais barato do que viajar até uma distante. Para isso, eles te entregam uma ficha específica para o seu trecho. Essa ficha deve ser passada na catraca durante a entrada, e depositada na saída da estação destino, garantindo, assim, que você fez o trajeto por que pagou. Curioso, não?

Nosso percurso foi o seguinte: primeiro pegamos metrô da estação Queen Sirikit Station até a estação Si Lom. De lá, entramos a bordo do Skytrain (BTS) em direção a estação Saphan Taksin. Não há integração entre os dois sistemas: os dois possuem tickets separados. Por fim, no Central Pier/Sathorn, pegamos um Long-Tail Boat para Tha Chang (basta falar a algum vendedor de ingressos de Long-Tail Boat qe deseja ir ao Grand Palace).


Curiosidade #1.1: O rei deles havia morrido há 3 meses, e a cidade inteira estava de luto. O luto oficial é por 1 ano. Havia imagens do rei e memorais em todo canto possível, era assustador. E não ria, as pessoas estavam realmente bem tristes.

Curiosidade #1.2: As águas desse rio, o Chao Phraya, são extremamente nojentas e o Long-Tail Boat taca um monte de água na sua cara. A minha sugestão é ficar com a boca fechada, a não ser que queira ter um revestrés cabuloso e tenha o desejo de passar o restante da viagem como um rei. De todo modo, é uma boa experiência, façam. De boca fechada.

Quando saímos do Long-Tail Boat, vimos a coisa mais assustadora da viagem inteira, que foi um policial jogando um monte de lixo no rio, assim, como num dia qualquer, com a maior naturalidade do mundo. Tá. E em outro canto, algumas pessoas pescando. É isso mesmo, produção?

The Grand Palace

Nos dirigimos para o The Grand Palace, mas antes passamos em uma feirinha no caminho para comprar chapéus (adoro o meu chapéu de vietcon, aliás, RIP) e vestimentas.

Dica #1.2: Vestimenta para templos. Homens não podem ir de bermuda e nem de regata. Também não pode roupa muito coladinha. Mulheres não podem mostrar os ombros e, se quiserem usar saia ou vestido, que seja longo. Eles são muito rigorosos com isso e não vão te deixar entrar. De todo modo, nas feirinhas lá perto do templo mesmo eles vendem vestimentas para usar por cima de sua roupa caso queiram ir com roupas curtas, afinal de contas faz muito calor e talvez valha a pena vesti-las somente ao entrar nos templos.

Dica #1.3: Na entrada do templo, eles pedem ou passaporte ou um documento qualquer. Serve o RG brasileiro, então não se esqueça de levá-lo!

Entramos no templo. A entrada custa 100 baht por pessoa. Uma das meninas foi barrada por estar com os ombros à mostra. Você pode achar o tanto de besteira o quanto for, mas precisa seguir as regras.e

O templo é belíssimo. Guarde pelo menos de 1h a 2h para explorá-lo, pois vale muito a pena. São várias áreas, só seguir as setas e terá a experiência completa. Acho que as fotos falam melhor do que qualquer coisa. Dá pra ter noção do nível de ostentação desse lugar.

Dica #1.4: Para entrar nos altares ou em qualquer sala fechada dos templos, precisa ser descalço. Então sugiro ir com calçados práticos – que sejam fáceis de tirar e colocar.

Wat Pho

Depois batemos perna para o Wat Pho. Andamos bastante, e vale lembrar que as grávidas estavam junto, firmes e fortes.

Wat Pho é o famoso Templo do Buda Reclinado. A entrada era 100 baht também, com direito a uma garrafa de água. Como diria o Dollynho, beba muito líquido!

O templo é assim chamado porque tem uma sala bem estreita com um buda reclinado lindíssimo. É imperdível mesmo. Atrás dele, existem 128 potinhos. Diz a cultura que dá boa sorte depositar em cada um deles uma moedinha. Haja moeda. Como é óbvio que quase nenhum turista vai ter essa quantidade absurda de moedinhas dando mole pra tacar assim, eles são espertos e vendem um pacote.

Ah, e lá também tem uma escola de massagem tailandesa, a Wat Pho Tradicional Thai Massage. Fizemos todos massagem lá — as grávidas fizeram só de pé, enquanto o restante fez de corpo inteiro. Pra mim, foi uma espécie de tortura, não consigo imaginar como alguém pode gostar de ser submetido a esse tipo de sadomasoquismo. Porém apenas eu tive essa percepção. Os outros 7 do grupo gostaram e muito, e queriam repetir sempre que possível. Então, bem, está recomendadíssimo por eles!

Com o crepúsculo, voltamos para o hotel. Passamos um tempo tentando achar táxi para ter a experiência, e, quando achamos, era um maiorzinho em que cabiam 7 pessoas. Maravilhoso, exceto que estávamos em 8, e o resultado foi quase 1h apertado sem ter lugar onde colocar a bunda e em um trânsito caótico! Não víamos a hora de sair daquele aperto! Haha! Quando vimos que estávamos perto do hotel, pedimos para sair antes e ir andando na calçada. O trânsito era muito tenso, muito congestionado. Horrorizados com isso!

Curiosidade #1.3: Não arranjamos muito tempo para almoço, pois havia muito o que ver. Então passamos o dia comendo as porqueirinhas que compramos na 7-eleven de manhã.

Restaurante Dine in the Dark

Daí nos arrumamos e fomos para o restaurante Dine in the Dark. É necessário reservar com antecedência por um e-mail disponível no site deles, em que você já escolhe de antemão se deseja um cardápio ocidental, asiático ou “surpresa”, e avisa também se possui alguma alergia ou intolerância.

O propósito do restaurante é fornecer uma comida servida por garçons cegos em um ambiente desprovido de qualquer luz. É um breu total! Muito interessante, não? E é mesmo! No começo deixaram-nos em um ambiente claro em que eles nos explicam como vai ser a experiência. Logo a seguir, eles nos levaram para a sala escura, guiados por um dos garçons cegos, em uma fila em que cada um segura no ombro do outro, tal como em um trenzinho feliz. Sentamos em nossas cadeiras – e isso tudo na mais intensa escuridão que já tive a oportunidade de presenciar -, colocaram-nos babadores, e começamos a janta. O garçon foi trazendo bebidas e comidas, desde pratos iniciais, principal e sobremesa. Pessoalmente, não achei a comida lá muita coisa não, porém a experiência foi maravilhosa e recomendo a todos! Nossa, foi muita zoeira no grupo. Memorável!

Claro que não precisa dizer que todas as regras de etiqueta que um dia nos foram ensinadas devem ser esquecidas por completo aqui, pois você simplesmente não tem como segui-las! Você vai acabar comendo com a mão porque, em alguns casos, vai desistir de usar os talheres, e vai se sujar todo. Não tem jeito, faz parte, e, acredite, é divertidíssimo!

Ao final, quando saímos da sala escura, uma atendente nos mostra imagens das coisas que comemos. Curioso como algumas coisas nós adivinhamos, já outras não tínhamos nem ideia!

Vale uma reflexão. Creio ser impossível não nos cair um senso de empatia pelos cegos naquele momento. Se não conhece o preto, há de conhecer, pois é tudo o que se vê: nada além do preto mais preto. Fora quando algum idiota liga o celular, o que é proibido, o que se vê é o que não se vê. Um preto que diverte, mas que nos concede uma degustação do que é não poder ver o que está em nossa volta, tão belo é o nosso planeta. Sentimento este se intensifica quando, dias depois, chegamos em Koh Phi Phi, já que enorme é o espetáculo, somente apreciável por termos o privilégio de gozar de nossa visão.

Passeio de Tuk Tuk

Lá em Bangkok, de qualquer lugar praticamente você pode avistar Tuk Tuks nas ruas, esperando para serem convocados, como se fossem Táxis. Então decidimos pegar um. Voltamos para o hotel em ritmo de aventura: em Tuk Tuk! Foi uma coisa muito louca, cortando os carros e passando pelo trânsito super de boa de Bangkok. É isso aí. Radical. Com emoção!

Dica #1.4: combine o preço da corrida de Tuk Tuk antes de entrar nele, a fim de evitar golpes. Vale lembrar que o preço que eles ofertam pode sempre ser reduzido. Golpes são muito comuns envolvendo passeios de Tuk Tuks, principalmente na frente de templos. Eles anunciam um passeio pelos templos, porém acabam te levando mais para lojas de cristais falsos do que para os templos em si. Então, todo cuidado é pouco.

Dormimos, muito satisfeitos com o dia.

Veja também

Não deixe de visitar, também, o post 2 dias em Bangkok: O que fazer? do blog parceiro Mochilão a Dois. Lá, complementarmente, vocês vão ter uma visão diferente de Bangkok, o que inclui, por exemplo, uma visita ao Mercado Flutuante, que não visitamos, e também ao Wat Arun e ao Golden Mount, que, quando fomos, estava em reforma. Excelente post!

A Dani do blog Na Mochila da Ninja também tem uns posts MARA e detalhados sobre cada um dos lugares! Saiba tudo sobre o Wat Pho: O Templo do Buda Reclinado e também sobre o Wat Arun: O Templo do Amanhecer, saiba tudo sobre Como andar em Bangkok, e entenda Como chegar no Grand Palace.

Próximo post!